quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sophia de Mello Breyner Andresen




Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004


Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX.

Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o
Prémio Camões, em 1999.


Tem origem dinamarquesa, pelo lado paterno, e, pelo lado materno, é prima afastada de Nicolau Breyner.
Passou a sua infância na Quinta do Campo Alegre (hoje Jardim Botânico do Porto). As lembranças dos verões aproveitados para estar na praia da Granja e os Natais celebrados de acordo com a tradição nórdica marcaram profundamente a sua obra.

Criada na velha aristocracia portuense, educada nos valores tradicionais da moral cristã, foi dirigente de movimentos universitários católicos quando frequentava


Filologia Clássica na Universidade de Lisboa(1936-39).
Colaborou na revista Cadernos de Poesia, onde fez amizades com autores influentes e reconhecidos: Rui Cinatti e Jorge de Sena.

Veio a tornar-se uma das figuras mais representativas de uma atitude política liberal, apoiando o movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e os seus seguidores.

Ficou célebre a sua Cantata de Paz "Vemos, Ouvimos e Lemos. Não podemos ignorar!"





Casou-se, em 1946,com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos: uma professora universitária de Letras, um jornalista e escritor de renome (Miguel Sousa Tavares), um pintor e ceramista e mais uma filha que é terapeuta ocupacional e herdou o nome da mãe. Os filhos motivaram-na a escrever contos infantis.

Em 1964, recebeu o Grande Prémio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores pelo seu livro Livro sexto. Já depois da
Revolução dos Cravos (25 de Abril), foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto numa lista do Partido Socialista.

Distinguiu-se também como contista (
Contos Exemplares) e autora de livros infantis (A Menina do Mar,O Cavaleiro da Dinamarca, A Floresta, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana, etc.).

Foi também tradutora de
Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia das Ciências de Lisboa.


Para além do Prémio Camões, foi também distinguida com o Prémio Rainha Sofia, em 2003.
Faleceu, aos 84 anos, no Hospital da Cruz Vermelha.

Desde 2005, no "Oceanário de Lisboa", os seus poemas com ligação forte ao Mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposição, permitindo aos visitantes absorverem a força da sua escrita enquanto estão imersos numa visão de fundo do mar.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre (adaptado).


Sophia de Mello fez-se poeta já na sua infância, quando, tendo apenas três anos, foi ensinada "A Nau Catrineta" (Quintela, op.cit:112):


"Havia em minha casa uma criada, chamada Laura, de quem eu gostava muito. Era uma mulher jovem, loira, muito bonita. A Laura ensinou-me a "Nau Catrineta" porque havia um primo meu mais velho a quem tinham feito aprender um poema para dizer no Natal e ela não quis que eu ficasse atrás… Fui um fenómeno, a recitar a "Nau Catrineta", toda. Mas há mais encontros, encontros fundamentais com a poesia: a recitação da "Magnífica", nas noites de trovoada, por exemplo. Quando éramos um pouco mais velhos, tínhamos uma governanta que nessas noites queimava alecrim, acendia uma vela e rezava. Era um ambiente misto de religião e magia… E de certa forma nessas noites de temporal nasceram muitas coisas. Inclusivamente, uma certa preocupação social e humana ou a minha primeira consciência da dureza da vida dos outros, porque essa governanta dizia: «Agora andam os pescadores no mar, vamos rezar para que eles cheguem a terra»

A poesia de Sophia de Melo Breyner Andresen é (…) uma das vozes mais nobres da poesia portuguesa do nosso tempo. Entendamos, por sob a música dos seus versos, um apelo generoso, uma comunhão humana, um calor de vida, uma franqueza rude no amor, um clamor irredutível de liberdade – aos quais, como o poeta ensina, devemos erguer-nos sem compromissos nem vacilações."
(Jorge de Sena, "Alguns Poetas de 1938" in Colóquio Artes e Letras, nº 1, Janeiro de 1959)

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